Um toque
Verônica me disse que eu devia crescer, ser mais maduro. Que eu devia parar de ser tão egoísta, egocêntrico, brutamontes, radical, tão eu. Disse isso sem tirar os olhos do smartphone e fazendo biquinho para a foto. Eu disse que ela devia parar de ser tão imbecil, tirando autorretratos imbecis, que teima em chamar de selfies, a imbecil. Ela não gostou, mas não fez biquinho. Pela primeira vez, Verônica fez o que alguém sensato faria: me aconselhou a ir plantar batatas, balançou com graça os cabelos e guardou o telefone na bolsa. Eu sei que depois irá tirá-lo da bolsa novamente, entrar no facebook para dar os detalhes de como sou estúpido, insensível, grosso, brutamontes, egocêntrico, egoísta, a ladainha inteira. Que era por isso que eu ficava sempre sozinho. Provavelmente Verônica vai esquecer que também não tenho paciência com futilidades ambulantes. Depois dou esse toque pra ela.
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