Ora, merda
(publicado no blogue Bar Do Escritor)
as formigas se enfileiram, seguem-se
pela rachadura na calçada.
o pé grande com tênis de R$ 139,90
decreta o fim pelo alto.
um defunto diz valei-me, deus, que o
demônio quer comer meu rabo,
começando pelo culhão.
deus esvazia o cinzeiro e com voz de
ressaca pelos ventos ressoa
que se foda, arranja-te sozinho praí
que eu tenho mais o que fazer.
as formigas fogem, desembestam,
esmigalham-se.
uma barriga sente fome, um avião
despenca.
um estupro por excelência nos Andes.
um vômito por excrescência em
Istambul.
o defunto levanta um cotoco viril da
terra,
deus assoa o nariz e vai buscar
aspirina na prateleira.
ora, merda.
porque sim.
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